Resíduo de saúde está "amontoado" num anexo da UBS do Centro |
Os
serviços de saúde pública, em Mar de Espanha, vêm deixando a
desejar nos últimos meses. Nossa redação vem recebendo inúmeras
reclamações sobre a área e o tema domina as redes sociais dos
mardespanhenses. Nossa equipe fez um apanhado e relaciona, nesta
matéria, diversos problemas na saúde pública local, sobretudo nos
serviços ofertados pelo município.
Farmácia
Municipal sem remédios- A
Farmácia Municipal da cidade, uma das primeiras a serem implantadas
na região, vive uma grande crise. A falta de medicamentos é
constante. Remédios básicos como Omeprazol, Captopril e até
Dipirona estão em falta na maior parte do tempo. “Há anos não
precisava comprar remédios. Agora, a partir deste ano, estou
precisando gastar com medicamentos. Sempre que vou na Farmácia da
Prefeitura, não tem medicamentos. Uma vergonha. A gente já ganha
pouco e ainda tem que gastar com remédio”, reclama uma aposentada,
moradora do Centro da cidade. “Toda vez que vou na Farmácia dizem
que o caminhão com os remédios está saindo de Belo Horizonte”,
conta um usuário morador do Bairro Floresta. “Gastei trezentos
reais na farmácia este mês. Na administração anterior, não
pagava nada”, conta uma moradora do Bairro Jardim Guanabara. As
inúmeras reclamações levaram alguns vereadores a discutirem o
assunto na Câmara. Aos vereadores, a Secretaria de Saúde informou
que um lote de medicamentos havia chegado à cidade em março e que o
próximo estava previsto apenas para maio. Além disso, no documento
enviado à Câmara Municipal, foi informado que a Prefeitura já
havia licitado os medicamentos e que os mesmos já haviam sido
adquiridos pela municipalidade. Conforme noticiado em nossa edição
anterior, a ingerência sobre esta área traz diversos transtornos. A
falta constante dos medicamentos faz o estoque se esgotar tão logo
cheguem. Além disso, funcionários da Farmácia Municipal informaram
à nossa equipe que os medicamentos de responsabilidade da Prefeitura
ainda não chegaram, sendo o abastecimento da Farmácia Municipal
realizado, apenas, com os remédios enviados pelo Estado e pela
União. No dia 14 de junho, a Prefeitura noticiou a chegada de um
novo lote de medicamentos na cidade.
Demora
na marcação de exames – A
Prefeitura de Mar de Espanha, com intuito de diminuir as filas na
marcação de exames, implementou algumas mudanças no setor.
Entretanto, a demora para marcação dos procedimentos se alonga.
“Estou aguardando a marcação de um exame desde janeiro e até
agora nenhuma informação me foi dada”, conta um morador do Bairro
Nossa Senhora das Mercês. “Antes, tinha fila, sim. Mas a gente ia
lá e marcava. Sabia que dia e horário íamos fazer o exame. Agora,
vamos na Secretaria, pegam nosso pedido de exame e pedem para
aguardarmos. E, em alguns casos, aguardamos há meses sem resposta”,
reclama uma moradora do Bairro Santa Efigênia. “Tem
algumas pessoas falando que a saúde vai bem, na cidade, ou melhorou.
São meses para se fazer um exame. Se tiver que morrer, morre mesmo”,
reclamou um mardespanhense na rede social.
Falta
de material nos postos de saúde – Os
pacientes, que sofrem com diabetes, e que necessitam aferir
periodicamente a taxa de glicemia, só conseguem atendimento se
levarem, de casa, as fitas necessárias para a medição. O material
estaria em falta nos postos de saúde, segundo relata uma usuária do
Bairro Jardim Guanabara. Um profissional da Unidade Básica de Saúde
do mesmo bairro conta que, em alguns períodos, faltam materiais
básicos de enfermagem como gaze e algodão.
Líder
evangélico denuncia suposta negligência - A
morte de uma criança de dois meses gerou polêmica na área de saúde
pública da cidade. Um líder evangélico local denunciou, através
da internet que, no dia 11 de junho, familiares do menor haviam
levado o paciente para ser atendido na Unidade Básica de Saúde do
Bairro Floresta, quando o enfermeiro da unidade havia informado não
haver mais vagas. Ainda, segundo o relato, a mãe da criança se
desesperou, pois o estado de saúde do filho era ruim. O enfermeiro
teria dito à mãe, ainda segundo a postagem do pastor evangélico,
que o médico não poderia atender a criança. Após o embate, o
médico teria consultado o menor e o encaminhado à Santa Casa de
Misericórdia, já usando máscara de oxigênio, onde se constatou
forte quadro de pneumonia, ocorrendo o falecimento do pequeno
paciente na noite daquele mesmo dia. O caso foi denunciado ao
Conselho Regional de Enfermagem, segundo as postagens na rede social.
O enfermeiro, que atua há anos na cidade, se defende e diz que agiu
dentro dos princípios da profissão e que não houve de sua parte.
Ele abriu um processo contra o líder religioso contra a divulgação
de sua suposta negligência. Nas redes sociais, o assunto virou
polêmica. Muitos criticavam a conduta do enfermeiro, enquanto uma
maioria prestava solidariedade ao profissional. O caso estaria sendo
investigado. Indignado, o líder evangélico perguntava, na postagem,
até quando os profissionais de saúde da cidade tratariam mal as
pessoas que recorrem aos postos de saúde.
Mapeamento
no atendimento médico – A
alteração nos atendimentos médicos realizados nos postos de saúde
da cidade também tem recebido reclamação por parte dos usuários.
De acordo com a norma adotada pela administração municipal,
moradores de uma determinada área só poder ser atendidos nos postos
de saúde daquela mesma região. Assim, moradores do Bairro Floresta,
por exemplo, só podem receber atendimento na unidade de saúde
situada naquele bairro. A Prefeitura defende que está seguindo as
normas do Programa Estratégia de Saúde da Família. “O problema
são as especialidades. Temos, por exemplo, uma escassez de pediatra.
Moro no Bairro Floresta. Se minha filha passar mal, hoje, não
poderei levá-la ao pediatra, pois ele está atendendo no Jardim
Guanabara e minha filha não pode ser atendida lá”, relata uma mãe
do Bairro Floresta.
Infestação
de escorpiões e caramujos africanos – Conforme
reportagem veiculada, nesta edição, a cidade é uma das mais
infestadas pelo caramujo africano, segundo dados da Superintendência
Regional de Saúde. A alta incidência de escorpiões também
preocupa alguns moradores da cidade, sobretudo no Bairro Monte
Líbano. Na Rua Espírito Santo, um morador recolhe os animais e os
coloca num pote para mostrar o problema.
Glicosímetros
apresentam falhas- O
jornal “Estado de Minas” denunciou, em sua edição de 15 de
junho, falhas no aparelho que mede a glicemia da marca “Cepa GC”.
Segundo a matéria, o problema colocaria em risco a vida de
diabéticos em Minas Gerais, visto que a leitura do aparelho não
seria homogênea, levando-se em conta testes realizados por
especialistas. Os testes apontavam que os resultados do glicosímetro
eram elevados, o que levaria pacientes a ingerir mais medicamentos e
a injetar mais insulina. Médicos de Juiz de Fora e de outras cidades
da região encaminharam documentos à Sociedade Brasileira de
Diabéticos. O caso foi levado à Secretaria de Estado da Saúde
(SES), que distribuiu os aparelhos para todo o estado. A SES informou
que o aparelho pode apresentar problemas de configuração e informou
que todas as reclamações que forem encaminhadas sobre o problema,
terão os testes refeitos. Em Mar de Espanha, as unidades básicas de
saúde se utilizam deste aparelho e até o fechamento desta edição,
não houve nenhuma ação da gerência local de saúde sobre o
problema. Um alerta aos diabéticos da cidade para que verifiquem,
junto a seu médico, sobre este caso.
Resíduos
de saúde se acumulam – Nossa
equipe recebeu denúncia sobre acúmulo de resíduos de saúde (antes
chamado genericamente de lixo hospitalar) na Unidade Básica de Saúde
do Centro. Moradores da área relataram que uma sala anexa ao local
estaria com sacolas destes resíduos acumulados em grande quantidade.
“Além da grande quantidade de lixo no local, os cachorros, à
noite, puxam os sacos pela grade, furando-os, ficando assim materiais
expostos advindos especialmente de troca de curativos causando risco
de contaminação”, reclama um morador da área. Na sala, conforme
fotos tiradas por nossa equipe, no mês de maio, os sacos de lixo
estavam empilhados. A situação está em desacordo com a legislação
vigente, visto que este tipo de conduta pode gerar problemas de saúde
pública. De acordo com as normas atuais, estes materiais devem ser
recolhidos periodicamente e, quando estocados, serem acondicionados
em embalagens impermeáveis e resistentes à ruptura e vazamento, o
que não ocorre na situação relatada.
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