segunda-feira, 8 de julho de 2013

SAÚDE PÚBLICA LOCAL E SEUS INÚMEROS PROBLEMAS...

Resíduo de saúde está "amontoado" num anexo da UBS do Centro


Os serviços de saúde pública, em Mar de Espanha, vêm deixando a desejar nos últimos meses. Nossa redação vem recebendo inúmeras reclamações sobre a área e o tema domina as redes sociais dos mardespanhenses. Nossa equipe fez um apanhado e relaciona, nesta matéria, diversos problemas na saúde pública local, sobretudo nos serviços ofertados pelo município.

Farmácia Municipal sem remédios- A Farmácia Municipal da cidade, uma das primeiras a serem implantadas na região, vive uma grande crise. A falta de medicamentos é constante. Remédios básicos como Omeprazol, Captopril e até Dipirona estão em falta na maior parte do tempo. “Há anos não precisava comprar remédios. Agora, a partir deste ano, estou precisando gastar com medicamentos. Sempre que vou na Farmácia da Prefeitura, não tem medicamentos. Uma vergonha. A gente já ganha pouco e ainda tem que gastar com remédio”, reclama uma aposentada, moradora do Centro da cidade. “Toda vez que vou na Farmácia dizem que o caminhão com os remédios está saindo de Belo Horizonte”, conta um usuário morador do Bairro Floresta. “Gastei trezentos reais na farmácia este mês. Na administração anterior, não pagava nada”, conta uma moradora do Bairro Jardim Guanabara. As inúmeras reclamações levaram alguns vereadores a discutirem o assunto na Câmara. Aos vereadores, a Secretaria de Saúde informou que um lote de medicamentos havia chegado à cidade em março e que o próximo estava previsto apenas para maio. Além disso, no documento enviado à Câmara Municipal, foi informado que a Prefeitura já havia licitado os medicamentos e que os mesmos já haviam sido adquiridos pela municipalidade. Conforme noticiado em nossa edição anterior, a ingerência sobre esta área traz diversos transtornos. A falta constante dos medicamentos faz o estoque se esgotar tão logo cheguem. Além disso, funcionários da Farmácia Municipal informaram à nossa equipe que os medicamentos de responsabilidade da Prefeitura ainda não chegaram, sendo o abastecimento da Farmácia Municipal realizado, apenas, com os remédios enviados pelo Estado e pela União. No dia 14 de junho, a Prefeitura noticiou a chegada de um novo lote de medicamentos na cidade.

Demora na marcação de exames – A Prefeitura de Mar de Espanha, com intuito de diminuir as filas na marcação de exames, implementou algumas mudanças no setor. Entretanto, a demora para marcação dos procedimentos se alonga. “Estou aguardando a marcação de um exame desde janeiro e até agora nenhuma informação me foi dada”, conta um morador do Bairro Nossa Senhora das Mercês. “Antes, tinha fila, sim. Mas a gente ia lá e marcava. Sabia que dia e horário íamos fazer o exame. Agora, vamos na Secretaria, pegam nosso pedido de exame e pedem para aguardarmos. E, em alguns casos, aguardamos há meses sem resposta”, reclama uma moradora do Bairro Santa Efigênia. “Tem algumas pessoas falando que a saúde vai bem, na cidade, ou melhorou. São meses para se fazer um exame. Se tiver que morrer, morre mesmo”, reclamou um mardespanhense na rede social.


Falta de material nos postos de saúde – Os pacientes, que sofrem com diabetes, e que necessitam aferir periodicamente a taxa de glicemia, só conseguem atendimento se levarem, de casa, as fitas necessárias para a medição. O material estaria em falta nos postos de saúde, segundo relata uma usuária do Bairro Jardim Guanabara. Um profissional da Unidade Básica de Saúde do mesmo bairro conta que, em alguns períodos, faltam materiais básicos de enfermagem como gaze e algodão.

Líder evangélico denuncia suposta negligência - A morte de uma criança de dois meses gerou polêmica na área de saúde pública da cidade. Um líder evangélico local denunciou, através da internet que, no dia 11 de junho, familiares do menor haviam levado o paciente para ser atendido na Unidade Básica de Saúde do Bairro Floresta, quando o enfermeiro da unidade havia informado não haver mais vagas. Ainda, segundo o relato, a mãe da criança se desesperou, pois o estado de saúde do filho era ruim. O enfermeiro teria dito à mãe, ainda segundo a postagem do pastor evangélico, que o médico não poderia atender a criança. Após o embate, o médico teria consultado o menor e o encaminhado à Santa Casa de Misericórdia, já usando máscara de oxigênio, onde se constatou forte quadro de pneumonia, ocorrendo o falecimento do pequeno paciente na noite daquele mesmo dia. O caso foi denunciado ao Conselho Regional de Enfermagem, segundo as postagens na rede social. O enfermeiro, que atua há anos na cidade, se defende e diz que agiu dentro dos princípios da profissão e que não houve de sua parte. Ele abriu um processo contra o líder religioso contra a divulgação de sua suposta negligência. Nas redes sociais, o assunto virou polêmica. Muitos criticavam a conduta do enfermeiro, enquanto uma maioria prestava solidariedade ao profissional. O caso estaria sendo investigado. Indignado, o líder evangélico perguntava, na postagem, até quando os profissionais de saúde da cidade tratariam mal as pessoas que recorrem aos postos de saúde.

Mapeamento no atendimento médico – A alteração nos atendimentos médicos realizados nos postos de saúde da cidade também tem recebido reclamação por parte dos usuários. De acordo com a norma adotada pela administração municipal, moradores de uma determinada área só poder ser atendidos nos postos de saúde daquela mesma região. Assim, moradores do Bairro Floresta, por exemplo, só podem receber atendimento na unidade de saúde situada naquele bairro. A Prefeitura defende que está seguindo as normas do Programa Estratégia de Saúde da Família. “O problema são as especialidades. Temos, por exemplo, uma escassez de pediatra. Moro no Bairro Floresta. Se minha filha passar mal, hoje, não poderei levá-la ao pediatra, pois ele está atendendo no Jardim Guanabara e minha filha não pode ser atendida lá”, relata uma mãe do Bairro Floresta.

Infestação de escorpiões e caramujos africanos – Conforme reportagem veiculada, nesta edição, a cidade é uma das mais infestadas pelo caramujo africano, segundo dados da Superintendência Regional de Saúde. A alta incidência de escorpiões também preocupa alguns moradores da cidade, sobretudo no Bairro Monte Líbano. Na Rua Espírito Santo, um morador recolhe os animais e os coloca num pote para mostrar o problema.

Glicosímetros apresentam falhas- O jornal “Estado de Minas” denunciou, em sua edição de 15 de junho, falhas no aparelho que mede a glicemia da marca “Cepa GC”. Segundo a matéria, o problema colocaria em risco a vida de diabéticos em Minas Gerais, visto que a leitura do aparelho não seria homogênea, levando-se em conta testes realizados por especialistas. Os testes apontavam que os resultados do glicosímetro eram elevados, o que levaria pacientes a ingerir mais medicamentos e a injetar mais insulina. Médicos de Juiz de Fora e de outras cidades da região encaminharam documentos à Sociedade Brasileira de Diabéticos. O caso foi levado à Secretaria de Estado da Saúde (SES), que distribuiu os aparelhos para todo o estado. A SES informou que o aparelho pode apresentar problemas de configuração e informou que todas as reclamações que forem encaminhadas sobre o problema, terão os testes refeitos. Em Mar de Espanha, as unidades básicas de saúde se utilizam deste aparelho e até o fechamento desta edição, não houve nenhuma ação da gerência local de saúde sobre o problema. Um alerta aos diabéticos da cidade para que verifiquem, junto a seu médico, sobre este caso.



Resíduos de saúde se acumulam – Nossa equipe recebeu denúncia sobre acúmulo de resíduos de saúde (antes chamado genericamente de lixo hospitalar) na Unidade Básica de Saúde do Centro. Moradores da área relataram que uma sala anexa ao local estaria com sacolas destes resíduos acumulados em grande quantidade. “Além da grande quantidade de lixo no local, os cachorros, à noite, puxam os sacos pela grade, furando-os, ficando assim materiais expostos advindos especialmente de troca de curativos causando risco de contaminação”, reclama um morador da área. Na sala, conforme fotos tiradas por nossa equipe, no mês de maio, os sacos de lixo estavam empilhados. A situação está em desacordo com a legislação vigente, visto que este tipo de conduta pode gerar problemas de saúde pública. De acordo com as normas atuais, estes materiais devem ser recolhidos periodicamente e, quando estocados, serem acondicionados em embalagens impermeáveis e resistentes à ruptura e vazamento, o que não ocorre na situação relatada.

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